domingo, 27 de dezembro de 2015

Fabia in ecclesia (nível principiante)




Fabia puella Romana est.
Fabia puella christiana est.
Fabia laeta est.
Fabia in ecclesia est.
Fabia orat.

Vocabulário

Fabia: Fábia, nome próprio.
Puella: menina
Romana: romana
Est: é, está
Christiana: cristã
Laeta: feliz
Ecclesia: igreja
Orat: reza

As palavras puella Fabia são substantivos femininos. As palavras Romana, christiana e laeta são adjetivos, que também estão na forma feminina para concordar com os substantivos aos quais se referem. As palavras femininas desta leitura terminam em -a no singular. Est é um verbo que pode significar tanto é como está, dependendo da frase em que estiver.

Nota: em latim, não há artigo (palavras como o, a, um, uma) de modo que temos que acrescentá-lo para que as frases latinas soem melhor em português.

Depois de ter lido sobre Fábia, complete as frases abaixo sobre Cornélia.

Cornelia quoque puell__ Roman__ est.
Cornelia quoque puell___ puell___ christian___ est.
Cornelia quoque laet___ est.
Cornelia quoque in ecclesi_____ est.
Cornelia quoque orat.

Vocabulário

Cornelia: Cornélia, nome próprio
Quoque: também

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Antífonas do Ó - O Adonai!




A segunda antífona é O Adonai.

O Adonai, et Dux domus Israel, qui Moysi in igne flammae rubi apparuisti, et ei in Sina legem dedisti: veni ad redimendum nos in brachio extento.

Tradução

Ó Senhor, e Guia da casa de Israel, que aparecestes para Moisés no fogo do arbusto em chamas, e no Sinai lhe destes a lei: vinde para nos redimir com um braço estendido. 

Vocabulário

O: Ó [interjeição]
Adonai (indecli.): Senhor (hebraísmo) 
Et: e 
Dux, ducis: general, guia
Domus, us: casa
Israel (indecli.): Israel
Qui, quae, quod: que
Moyses, -is: Moisés
In: em
Ignis, ignis: fogo
Flamma, ae: chama
Rubus, i: sarça
Is, ea, id: ele, ela, isso [ei é dativo: lhe]
Sina (indecli.): Sinai
Lex, legis: lei
Do, das, dare, dedi, datum: dar
Venio, is, ire, veni, ventum: vir
Ad: para
Redimo, is, ere, redemi, redemptum: redimir [ad redimendum: para redimir]
Nos: nos [pron. oblíquo]
Brachium, i: braço
Extentus, -a, -um: estendido

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Perseus Ācrisium discō occīdit - (História de Perseu 11/fim)



(Perseus Ācrisium discō occīdit)



Post haec Perseus cum uxōre suā ad urbem Ācrisī rediit. Ille autem ubi Perseum vīdit, magnō terrōre adfectus est; nam propter ōrāculum istud nepōtem suum adhūc timēbat. In Thessaliam igitur ad urbem Larissam statim refūgit, frūstrā tamen; neque enim fātum suum vītāvit. Post paucōs annōs rēx Larisae lūdōs magnōs fēcit; nūntiōs in omnēs partēs dīmīserat et diem ēdīxerat. Multī ex omnibus urbibus Graeciae ad lūdōs convēnērunt. Ipse Perseus inter aliōs certāmen discōrum iniit. At dum discum conicit, avum suum cāsū occīdit; Ācrisius enim inter spectātōrēs eius certāminis forte stābat.

Tradução

Depois dessas coisas, Perseu retornou com sua esposa para a cidade de Acrísio. Ele, porém, ao ver Perseu, sentiu grande pavor; ora, por causa desse oráculo, ainda temia seu neto. Portanto, fugiu imediatamente para a cidade de Lárissa; no entanto, isso foi em vão e não evitou seu destino. Poucos anos depois, o rei de Lárissa preparou grande jogos; enviara mensageiros em todas as partes e proclamara a data. Muitos vieram de todas as cidades da Grécia para os jogos. Entre outros, o próprio Perseu entrou no campeonato de lançamento de discos. Mas enquanto lança um disco, mata por acaso o seu avô; pois Acrísio estava por acaso entre os espectadores daquele campeonato. 

Antífonas do Ó - O Sapientia!




Hoje entramos na última semana de preparação para o Natal. Neste período, a Igreja canta antífonas especiais nas Vésperas em cada dia até o Natal do Senhor. A primeira delas é a chamada O Sapientia, ó Sabedoria! Vamos cantá-la?

O Sapiéntia, quæ ex ore Altíssimi prodísti, attíngens a fine usque ad finem, fórtiter suavitérque dispónens ómnia: veni ad docéndum nos viam prudéntiæ.

Tradução

Ó Sabedoria, que nascestes da boca do Altíssimo, estendendo-se de uma ponta a outra, dispondo todas as coisas com força e suavidade: vinde para ensinar-nos o caminho da prudência.

Vocabulário

O: Ó (interjeição)
Sapientia, ae: sabedoria
qui, quae, quod: que
Ex: de (preposição que indica origem)
Os, oris: boca
Altissimus, i: Altíssimo
Prodeo, is, ire, isti, itum: aparecer, surgir, vir para fora, sair.
Attingo, is, ere, attigi, attactum: alcançar, chegar a (aqui, estender)
A: de (preposição que indica origem)
Usque: até
Ad: a (preposição que indica destino)
Finis, finis: limite, fronteira (aqui, ponta)
Fortiter: fortemente, com força.
Suaviter: suavemente, com suavidade
Dispono, is, ere, disposui, dispositum: dispor, distribuir, organizar, reger.
Omnis, -e: tudo (aqui no plural deve ser entendido como "todas as coisas")
Venio, is, ire, veni, ventum: vir
Doceo, es, ere, docui, doctum: ensinar
Nos: nos (pronome oblíquo)
Via, viae: caminho
Prudentia, prudentiae: prudência

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A palavra latina para colorir (3)


Em latim, estrela se diz stella
Em português, temos a palavra estelionato, que significa fraude, engano, trapaça. Essa palavra vem de stellio, que em latim era usada para identificar uma espécie de lagarto com manchinhas que lembravam estrelas e que mudava de cor para se esconder no ambiente. Assim como esse lagarto, também o estelionatário - aquele que pratica estelionato - troca de modos para enganar e confundir. 

Polydectes in saxum versus est - (História de Perseu 10)

Perseus caput Medusae monstrat


Postquam Perseus ad īnsulam nāvem appulit, ad locum contulit ubi māter ōlim habitāverat, sed domum invēnit vacuam et omnīnō dēsertam. Trēs diēs per tōtam īnsulam mātrem quaerēbat; tandem quārtō diē ad templum Diānae pervēnit. Hūc Danaē refūgerat, quod Polydectēm timēbat. Perseus ubi haec cognōvit, īrā magnā commōtus est; ad rēgiam Polydectis sine morā contendit, et ubi venit, statim in ātrium inrūpit. Polydectēs magnō timōre adfectus est et fugere volēbat. Dum tamen ille fugit, Perseus caput Medūsae mōnstrāvit; ille autem simul atque hoc vīdit, in saxum versus est.

Tradução

Depois que Perseu aportou a embarcação na ilha, dirigiu-se ao lugar em que outrora habitara sua mãe, mas encontrou a casa vazia e completamente deserta. Procurava a mãe pela ilha por três dias; finalmente, no quarto dia, chegou ao templo de Diana. Dânae havia fugido para lá, pois temia Polidecto. Perseu, ao saber dessas coisas, sentiu uma grande ira; dirigiu-se sem demora para o palácio de Polidecto, e ao chegar lá, invadiu imediatamente o átrio. Polidecto, sentindo um grande temor, queria fugir. Mas enquanto foge, Perseu mostra a cabeça da Medusa; mas o rei, assim que a viu, transformou em pedra.

Domus Romana - A casa romana.


Hoje vamos ver os nomes de algumas partes de uma domus Romana

(A propósito, você já ouviu falar de entrega em domicílio? Pois é, a palavra domicílio, vem do latim domus, que significa casa).

As partes da casa são:

1. Impluvium: Lugar onde se coletava água da chuva. Note que no teto havia um buraco bem em cima do impluvium
2. Atrium: Era uma espécie de pátio no interior da casa. Ali os donos da casa recebiam as visitas.
3. Taberna: As tabernae eram lojas. Muitos proprietários deixavam um cômodo voltado para a rua para que ali se pudesse vender algum produto. 
4. Peristylum: Era um jardim cercado por colunas. 
5. Triclinium: O triclinium era a sala de jantar dos antigos romanos.
6. Culina: A culina era a cozinha da casa. Ali se preparavam os pratos que seriam servidos no triclinium.
7. Tablinum: O tablinum funcionava como uma espécie de escritório.
8. Cubiculum: A palavra cubiculum significa quarto. Veja quantos quartos havia numa domus Romana. A propósito, e o seu cubiculum? É arrumado ou bagunçado?
9. Fauces: Fauces, neste contexto, significa corredor. Era passagem do vestibulum para o atrium.
10. Vestibulum: Era a entrada da casa. Aliás, já ouviu falar de vestibular? Vestibular é a primeira etapa para entrar em uma faculdade.


domingo, 13 de dezembro de 2015

Tudo que é humano perece



edifício em ruínas

Miremur periisse homines? Monumenta fatiscunt,
Mors etiam saxis, nominibusque venit. 
(Ausônio, Epigrama 35, 9)

Tradução

Admiremo-nos que homens pereceram? Os monumentos se fendem,
A morte vem também para as pedras e os nomes. 

Vocabulário

miror, miraris, mirari, miratus sum: admirar-se
pereo, is, ire, ivi ou ii, itum: perecer
homo, hominis: homem, ser humano
fatisco, is, ere: fender-se
mors, mortis: morte
etiam: também
saxum, i: pedra, rocha
nomen, nominis: nome
venio, is, ire, veni, ventum: vir

Perseus Andromedam in matrimonium ducit (História de Perseu 9)



(Perseus Andromedam in matrimonium ducit)


Perseus postquam ad litus descendit, primum talaria exuit; tum ad rupem venit ubi Andromeda vincta erat. Ea autem omnem spem salutis deposuerat, et ubi Perseus adiit, terrore paene exanimata erat. Ille vincula statim solvit, et puellam patri reddidit. Cepheus ob hanc rem maximo gaudio adfectus est. Meritam gratiam pro tanto beneficio Perseo rettulit; praeterea Andromedam ipsam ei in matrimonium dedit. Ille libenter hoc donum accepit et puellam duxit. Paucos annos cum uxore sua in ea regione habitabat, et in magno honore erat apud omnes Aethiopes. Magnopere tamen matrem suam rursus videre cupiebat. Tandem igitur cum uxore sua e regno Cephei discessit.

Tradução

Perseu, depois que desceu à praia, primeiramente retirou os sapatos alados; em seguida, veio à pedra na qual Andrômeda havia sido amarrada. Mas ela havia desistido de toda esperança de salvação, e quando Perseu se achegou, tinha quase morrido por causa do terror. Ele desamarrou as correntes imediatamente e devolveu a jovem ao pai. Cefeu, por causa disso, foi tomado de grande alegria. Deu a Perseu o merecido agradecimento por tão grande benefício; ademais, concedeu a própria Andrômeda em matrimônio. Ele de bom grado aceitou esse presente e se casou com a jovem. Já há alguns anos morava com a esposa naquela região e tinha grande honra junto aos etíopes. Contudo, desejava muito rever sua mãe. Desse modo, por fim, partiu do reino de Cefeu com sua esposa. 


Resumo da História Sagrada pelo padre Lhomond (1)



A criação do mundo

Deus creavit caelum et terram intra sex dies. 
Primo die fecit lucem. Secundo die, fecit firmamentum, quod vocavit caelum.
Tertio die coegit aquas in unum locum, et eduxit e terra plantas et arbores. 
Quarto die fecit solem et lunam, et stellas. Quinto die, aves quae volitant in aere, et pisces qui natant in aquis. 
Sexto die fecit omnia animantia, postremo hominem, et quievit die septimo.
(Epitome Historiae Sacrae, Lhomond)

Tradução 

Deus criou o céu e a terra em seis dias.
No primeiro dia, fez a luz. No segundo dia, fez o firmamento, o qual chamou céu.
No terceiro dia, reuniu as águas em um só lugar e da terra fez brotar plantas e árvores.
No quarto dia, fez o Sol e a Lua, e também as estrelas. No quinto dia, as avez que voam no ar e os peixes que nadam nas águas.
No sexto dia fez todos os animais, e por fim, o homem; descansou no sétimo dia. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Praecepta magistri Mediae Aetatis




Neste poema, um professor medieval dá a seu discípulo certos conselhos sobre a rotina que deve manter para uma sã vida intelectual. Os preceitos foram pensados para um período de recesso, mas podem bem ser aplicados por aqueles que pensam numa vida de estudos como autodidata.

Leiturameditaçãoregistro das coisas meditadas: eis o esquema subjacente ao programa de estudos proposto pelo professor e que tantos frutos trouxe para a vida intelectual e para as letras, como o comprova o grande número de mentes excepcionais formadas por este modelo.  

É interessante notar que o mestre faz questão de estabelecer um programa de estudos equilibrado, conciliando-o com outras tarefas e com o lazer, e faz questão de manter certo contato com o aluno mesmo neste recesso, supervisionando suas atividades ainda que a distância.

[Notem as rimas internas de cada verso: preceptorum...meorum; nugis...frugis; metas...etas; um capricho típico do latim medieval. O poema é escrito em hexâmetros leoninos.]

Si preceptorum superest tibi cura meorum,
Parce, puer, nugis, dum rus colo tempore frugis.
Prefigam metas, quales tua postulat etas;
Quas si transgrederis, male de monitore mereris.
Contempto strato summo te mane levato,
Facque legendo moram quartam dumtaxat ad horam.
Quinta sume cibum, vinum bibe, sed moderatum,
Et pransus breviter dormi vel lude parumper.
Postquam dormieris, sit mos tuus, ut mediteris.
Quae meditatus eris, tabulis dare ne pigriteris;
Quae dederis cerae, spero quandoque videre.
Miseris huc quaedam, – facies, ut cetera credam.
Post haec i lectum, cum legeris, ito comestum.
Post sumptas escas, si iam monet hora, quiescas.
Si tempus superest, post cenam ludere prodest.
Sub tali meta constet tibi tota dieta. (Marbod von Rennes)

Tradução

Se a ti resta algum zelo pelos meus preceitos,
Poupa-te, ó garoto, das frivolidades, enquanto cultivo o campo no tempo da colheita.
Prefixarei metas, daquelas que exige a tua idade;
Se as transgredires, ter-te-ás comportado mal aos olhos do preceptor.
Desprezado o leito, levantar-te-ás de manhã bem cedo,
Põe-te a ler ao menos até às dez horas da manhã.
Às onze horas toma o alimento, bebe o vinho, mas moderadamente.
E, tendo almoçado, dorme ou distraia-te por tempo breve.
Depois de dormir, seja-te um costume o meditar.
As coisas que tiveres meditado, não hesites em mandá-las às tábuas*.
As coisas que tiveres dado à cera, espero vê-las em um algum momento.
Enviarás para cá algumas delas; farás isso, para que eu acredite nas demais.
Depois dessas coisas, vai ler; quando tiveres lido, vai comer.
Depois do alimento consumido, se já o adverte a hora, descansa.
Se sobra tempo, é bom distrair-se após o jantar.
Que sob esta meta te esteja firmemente estabelecido todo o modo de agir.

* Nesta época os alunos escreviam em tabuinhas de madeira cobertas de cera.

A palavra latina para colorir (2)

Em latim, uma das palavras para rio é flumen. Você sabe como chamamos a uma pessoa que nasce no estado do Rio de Janeiro?

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Psittacus sub aulaeo ferreo - O papagaio na cortina de ferro




Quodam die in Hungaria, miles Russicus superbus in tabernam venit ut Vodkam biberet. Psittacum in taberna "Mors Communistis!" identidem dicentem audivit. Miles cauponi dixit "Cras iterum in hanc tabernam veniam. Si ille psittacus adhuc in hoc loco est, mors tibi et psittaco!" Caupo psittacum ad sacerdotem duxit et difficultatem suam ei explicavit. Sacerdos respondit, "Fili mi, ego etiam psittacum habeo. Dabo tibi psittacum meum et tuum accipiam." Reversus est itaque caupo cum psittaco sacerdotis. Proximo die, idem miles Russicus in tabernam venit bibitque Vodkam. Cum biberet, semper psittacum spectabat et expectabat audire "Mors Communistis!" Psittacus autem haec verba non dixit. Tandem cum multam Vodkam bibisset, et nullum verbum ex psittaco audivisset, miles cum ira dixit psittaco, "Age, age- mors communistis!" Et psittacus celeriter respondit ei: "Dominus det tibi id quod rogas, fili mi."

Tradução

Certo dia na Hungria, um soldado russo, orgulhoso, foi a uma taberna para beber vodca. Ouviu um papagaio dizer diversas vezes: "Morte aos comunistas!" O soldado disse ao taberneiro: "Amanhã virei novamente a esta taberna. Se aquele papagaio ainda estiver neste lugar, é morte para você e para o papagaio!" O taberneiro levou o papagaio para um padre e lhe explicou a sua dificuldade. O padre respondeu: "Meu filho, eu também tenho um papagaio. Darei o meu a você e ficarei com o seu." Assim, o taberneiro voltou com o papagaio do padre. No dia seguinte, o mesmo soldado foi para a taberna e bebeu vodca. Enquanto bebia, sempre olhava para o papagaio e esperava ouvir: "Morte aos comunistas!". Mas o papagaio não disse essas palavras. Por fim, depois de ter bebido muita vodca e de não ter ouvido nenhuma palavra do papagaio, o soldado disse irado ao papagaio: "Vamos, vamos - morte aos comunistas!" E o papagaio rapidamente lhe respondeu: "Que o Senhor lhe conceda o que pede, meu filho."

Perseus Andromedam servat (História de Perseu 8)


(Perseus collum monstri vulnerat)

At Perseus, ubi haec vidit, gladium suum rapuit: et, postquam talaria induit, in aera sublatus est. Turn desuper in monstrum impetum subito fecit: et gladio suo collum eius graviter vulneravit. Monstrum, ubi sensit vulnus, fremitum horribilem edidit, et sine mora totum corpus sub aquam mersit. Perseus, dum circum litus volat, reditum eius exspectabat: mare autem interea undique sanguine inficitur. Post breve tempus, bellua rursus caput sustulit; mox tamen a Perseo ictu graviore vulnerata est. Tum iterum se sub undas mersit, neque postea visa est.

Tradução

Mas Perseu, ao ver essas coisas, puxou a espada: e, depois de ter calçado os sapatos alados, elevou-se pelos ares. Então, atacou subitamente o monstro lá de cima: e com sua espada, feriu gravemente o pescoço dele. O monstro, quando sentiu a ferida, deu um grito horrível, e sem demora mergulhou todo o corpo na água. Perseu, enquanto voa ao redor da praia, aguardava o retorno dele: mas o mar, enquanto isso, tingiu-se de sangue por todos os lados. Pouco tempo depois, a besta novamente levantou a cabeça; mas logo foi ferida por Perseu com um golpe mais forte. Em seguida, novamente mergulhou sob as ondas e não mais foi vista depois disso. 

A palavra latina para colorir (1)


Em latim, "fogo" se diz "ignis". Em nossa língua portuguesa, várias palavras vieram de ignis, como ignição, ígneo  e ignífero. Você sabe o que elas significam? 



Vita Mariae (Pars V)



quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Aurora - um poema deutoglota



Após a publicação do poema deutoglota (isto é, que pode ser lido em duas línguas, no caso em latim e em italiano) de Butturini, recebi do amigo Sérgio Pachá os versos abaixo que foram escritos no século XIX para serem lidos em latim e em português (se tomarmos a ortografia mais antiga de nosso idioma, anterior às inúmeras reformas por que passou). O trabalho do poeta Castro Lopes é notável, embora se deva salientar que não tenha conseguido - devido à natureza do português um pouco mais distante do Lácio - o mesmo grau de identificação (a pronúncia denuncia se se lê numa língua ou noutra) com o latim que alcançara o veneziano em seu louvor dirigido à cidade natal.

Deixo a "tradução", melhor seria dizer "versão", com os leitores.

AURORA

Castro Lopes

Salve, aurora ! Eia, refulge !
Eia ! anima valles, montes !
Hymnos canta, o Philomela,
Hymnos jucundos, insontes !

Eia ! Surge, vivifica
Pendentes ramos, aurora !
Aureos fulgores emitte,
Pallidas messes colora !

Protege placidos somnos
Inquietas mentes tempera.
Duras procellas dissipa,
Terras, flores refrigera !

Extingue umbrosos vapores,
O sol, o divina flamma !
Lucidas portas expande
Tristes animos inflamma !

O Veneta Regina!



Compartilho com vocês um dos textos mais interessantes da literatura latina. Trata-se de um poema em louvor à cidade de Veneza escrito no Renascimento por Mattia Butturini e que, numa métrica perfeita, pode ser lido e compreendido tanto em italiano quanto em latim. Um trabalho realmente notável. 

Te saluto, alma Dea, Dea generosa,
O gloria nostra, O Veneta Regina!
In procelloso turbine funesto
Tu regnasti secura; mille membra
Intrepida prostrasti in pugna acerba.
Per te miser non fui, per te non gemo;
Vivo in pace per te. Regna, O beata,
Regna in prospera sorte, in alta pompa,
In augusto splendore, in aurea sede.
Tu serena, tu placida, tu pia,
Tu benigna; tu salva, ama, conserva.

Tradução

Saúdo-te, deusa nutriz, deusa generosa,
Ó glória nossa, ó rainha vêneta!
No tempestuoso e funesto turbilhão,
Tu reinaste segura; mil membros
corajosos tu prostraste na luta cruel.
Por ti não fui miserável, por ti não gemo;
Vivo em paz por ti. Reina, ó bem-aventurada,
Reina em próspera sorte, em alta pompa,
Em augusto esplendor, em sede áurea.
Tu és serena, plácida, piedosa,
Benigna; salva, ama, conserva.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Andromeda (História de Perseu 7)



(Andromeda ad rupem alligata)


Tum rex diem certam dixit, et omnia paravit. Ubi ea dies venit, Andromeda ad litus deducta est, et in conspectu omnium ad rupem alligata. Omnes fatum eius deplorabant, nec lacrimas tenebant. At subito, dum monstrum exspectant, Perseus accurrit et, ubi lacrimas vidit, causam doloris quaerit. Illi rem totam exponunt, et puellam demonstrant. Dum haec geruntur, fremitus terribilis auditur; simul monstrum, horribili specie, procul conspicitur. Eius conspectus timorem maximum omnibus iniecit. At monstrum magna celeritate ad litus contendit, iamque ad locum appropinquabat, ubi puella stabat.

Tradução

Então o rei determinou o dia certo e preparou tudo. Quando o dia chegou, Andrômeda foi conduzida para a praia e, sob o olhar de todos, amarrada a uma rocha. Todos lamentavam o destino dela; tampouco seguravam as lágrimas. Mas de repente, enquanto esperam o monstro, Perseu aparece e, ao ver as lágrimas, pergunta sobre a causa da tristeza. Eles expõem tudo e apontam para a jovem. Enquanto essas coisas ocorrem, ouve-se um estrondo terrível; no mesmo instante, vê-se ao longe um monstro de aspecto horrível. Seu olhar causou um medo enorme em todos. Mas o monstro com grande rapidez se dirigiu para a praia e já se aproximava do local onde estava a jovem. 

De Amicitia


Quanta autem vis amicitiae sit, ex hoc intellegi maxime potest, quod ex infinita societate generis humani, quam conciliavit ipsa natura, ita contracta res est et adducta in angustum ut omnis caritas aut inter duos aut inter paucos iungeretur.
Est enim amicitia nihil aliud nisi omnium divinarum humanarumque rerum cum benevolentia et caritate consensio; qua quidem haud scio an excepta sapientia nihil melius homini sit a dis immortalibus datum. Divitias alii praeponunt, bonam alii valetudinem, alii potentiam, alii honores, multi etiam voluptates. Beluarum hoc quidem extremum, illa autem superiora caduca et incerta, posita non tam in consiliis nostris quam in fortunae temeritate. Qui autem in virtute summum bonum ponunt, praeclare illi quidem, sed haec ipsa virtus amicitiam et gignit et continet nec sine virtute amicitia esse ullo pacto potest. - Cicero, De Amicitia

Tradução

Mas o quão grande é a força da amizade, podemos entendê-lo sobretudo pelo fato de que, da infinita sociedade do gênero humano, a qual conciliou a própria natureza, ela é uma realidade tão restrita e de fronteiras tão estreitas que toda a afeição se encontra reunida entre dois ou entre poucos.
Pois a amizade nada mais é do que a concórdia, com benevolência e afeto, de todas as coisas divinas e humanas; pois seguramente não conheço, excetuando-se a sabedoria, nada melhor que tenha sido dado aos homens pelos deuses imortais. Uns a ela antepõem as riquezas, outros a boa saúde, outros o poder, outros as honras, e outros os prazeres. Estes últimos, certamente, são coisas próprias dos animais selvagens, ao passo que os anteriores são caducos e incertos, fundamentados não tanto em nossas resoluções quanto nos caprichos da sorte. Há também os que fundamentam o sumo bem na virtude, e por certo o fazem muito nobremente, mas é esta mesma virtude que gera e sustenta a amizade; ademais, de modo algum pode haver amizade sem virtude. 

domingo, 2 de agosto de 2015

Ornamenta Corneliae

(Ecce mea ornamenta!)


Apud antiquas dominas, Cornelia, Africani filia, erat maxime clara. Filii eius erant Tiberius Gracchuus et Gaius Gracchus. Ii pueri cum Cornelia in oppido Roma, claro Italiae oppido, habitabant. Ibi eos curabat Cornelia et ibi magno cum studio eos docebat. Bona femina erat Cronelia et bonam disciplinam maxime amabat. 
Proximum domicilio Corneliae erat pulchrae Campanae domicilium. Campana erat superba non solum forma sua sed maxime ornamentis suis. Ea laudabat semper. "Habesne tu ulla ornamenta,  Cornelia?" inquit. "Ubi sunt tua ornamenta?" Deinde Cornelia filios suos Tiberium et Gaium vocat. "Pueri mei," inquit, "sunt mea ornamenta. Nam boni liberi sunt semper bonae feminae ornamenta maxime clara."

Tradução


Entre as antigas senhoras, Cornélia, filha de Africano, era extramamente renomada. Seus filhos eram Tibério Graco e Caio Graco. Esses meninos moravam com Cornélia na cidade de Roma, famosa cidade da Itália. Lá Cornélia cuidava deles e lá os ensinava com grande zelo. Cornélia era uma boa mulher e amava muitíssimo a boa disciplina.
Vizinha à residência de Cornélia ficava a residência da bela Campana. Campana era orgulhosa não só de sua beleza, mas especialmente de suas jóias. Sempre as louvava. "Tu tens jóias, Cornélia?", diz. "Onde estão as tuas jóias?" Em seguida, Cornélia chama seus filhos Tibério e Caio. "Os meus filhos", diz, "são as minhas jóias. Pois os bons filhos sempre são, para uma boa mulher, as mais distintas jóias ."

sábado, 1 de agosto de 2015

De accusatore




Neste parágrafo extraído de uma obra medieval, vemos Alcuíno a dissertar sobre as estratégias retóricas que devem ser empregadas pela acusação em um tribunal. Note-se que se deixa de lado o fato em tela para atacar diretamente a pessoa, dificultando-lhe os meios de defesa, o que é moralmente questionável. 

____________

Nam accusator eius vitam ante actam, quem arguit, vel protervam eius naturam seu studia malitiosa vel mores improbos vel facta cruenta improbare debebit et ostendere, si potuerit, si in quo pari ante peccato convictus sit, et quam turpis aut cupidus aut petulans aut cruentus esset, ut mirandum non sit talem hominem ad tale facinus proruisse. Quantum enim de honestate et auctoritate eius qui arguitur detractum erit, tantum erit de facultate totius eius defensionis inminutum. Si nullo ante acto peccato reus infamari poterit, hortandi sunt iudices, non veterem famam hominis, sed novum facinus esse iudicandum. Nam ante celatum esse qualis esset, nunc autem manifestum esse: quare hanc rem ex superiori vita non debere considerari, sed superiorem vitam ex hac turpitudine improbari. - Flaccus Albinus Alcuinus (saec. VIII post Christum natum).

Tradução literal interlinear

Nam accusator eius vitam ante actam, quem arguit, vel protervam eius naturam seu studia malitiosa 
Pois o acusador dele a vida antes conduzida quem acusa ou violenta dele a natureza ou desejos perversos

vel mores improbos vel facta cruenta improbare debebit et ostendere, si potuerit, si in quo pari ante
ou costumes maus ou feitos sanguinários reprovar deverá e mostrar se terá podido se em algum semelhante antes

peccato convictus sit, et quam turpis aut cupidus aut petulans aut cruentus esset, ut mirandum non sit 
crime culpado seja e quão torpe ou ambicioso ou insolente ou sanguinário fosse, para que de admirar não seja

talem hominem ad tale facinus proruisse. Quantum enim de honestate et auctoritate eius qui arguitur 
tal homem ad tal crime ter impelido. O quanto pois de honra e autoridade daquele que é acusado

detractum erit, tantum erit de facultate totius eius defensionis inminutum. Si nullo ante acto peccato 
arrancado será, tanto será da capacidade de toda dele defesa diminuído. Se por nenhum antes cometido crime

reus infamari poterit, hortandi sunt iudices, non veterem famam hominis, sed novum facinus esse 
réu difamado poderá, devem ser exortados os juízes, não a velha reputação do homem, mas o novo crime ser

iudicandum. Nam ante celatum esse qualis esset, nunc autem manifestum esse: quare hanc rem ex 
deve julgado. Pois antes ocultado ser de que tipo fosse, agora porém manifesto ser: por isso esta coisa

superiori vita non debere considerari, sed superiorem vitam ex hac turpitudine improbari. 
da precedente vida não deve ser considerada, mas a vida precedente desta infâmia ser condenada

Tradução

Pois o acusador deverá condenar a vida pregressa daquele que acusa: a natureza violenta, os planos perversos, os costumes maus ou as ações sanguinárias; e deverá mostrar, se puder, que outrora já fora condenado por crime semelhante, e o quão torpe, ambicioso ou insolente fora, de modo que não seja de surpreender que tal homem houvesse incorrido em tal crime. Quanto mais se tirar da honra e autoridade do acusado, mais se diminuirão suas condições de defesa. Se não puder ser difamado por nenhum crime pregresso, exortem-se os juízes para que julguem não a velha reputação do homem, mas o novo crime. Pois, se antes ocultara o seu caráter, agora este se tornou manifesto: por essa razão, não se deve prestar atenção a essa característica da vida pregressa, mas antes se deve condenar a vida pregressa com base na infâmia presente.


Perseus in finibus Aethiopum (História de Perseu 6)

(Monstrum saevissimum e mari quotidie veniebat et homines devorabat)

Post haec Perseus in fines Aethiopum venit: ibi Cepheus quidam illo tempore regnabat. Hic Neptunum, maris deum, olim offenderat: Neptunus autem monstrum saevissimum miserat. Hoc quotidie e mari veniebat, et homines devorabat. Ob hanc causam pavor animos omnium occupaverat. Cepheus igitur oraculum dei Ammonis consuluit, atque a deo iussus est filiam monstro tradere. (Eius autem filia, nomine Andromeda, virgo formosissima erat.) Cepheus, ubi haec audivit, magnum dolorem percepit. Volebat tamen cives suos e tanto periculo extrahere: atque ob eam causam constituit imperata Ammonis facere.

Tradução


Depois dessas coisas, Perseu veio para o território dos Etíopes: lá reinava, naquele tampo, certo Cefeu. Este, certo dia, ofendera Netuno, deus do mar: Netuno, por sua vez, enviara um monstro ferocíssimo. Este vinha diariamente do mar e devorava os homens. Por esse motivo, o pavor tomou conta do espírito de todos. Assim, Cefeu consultou o oráculo do deus Amon e recebeu a ordem de entregar a filha ao monstro. (E sua filha, de nome Andrômeda, era uma jovem belíssima.) Cefeu, quando ouviu essas coisas, sentiu uma grande dor. No entanto, queria salvar seus cidadãos de tão grande perigo: e, por esse motivo, decidiu cumprir as ordens de Amon.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

Vita Mariae (Pars IV)



Excidium Troiae (Pars V)

(Graeci Troiam occupant)


Aeneas miseram fortunam Troianorum pulchrae reginae narrabat.

Aeneas: Graeci Troiam occupabant. Periculum erat magnum. Nostros viros feminasque cum amicis ad oppidi portam convocabam. Propter periculum sacra deorum ad portam portabamus, et Anchisae dabamus. Mei servi frumentum et aquam parabant. Meis amicis servisque gladios dabam. Anchises deos invocabat: "Amabatis Troiam Troianosque. Ubi estis? Spectatisne nostra pericula? Inter multa pericula laboramus. Amantne dei nostram patriam?"

Tradução

Enéas narrava a triste sorte dos troianos para a bela rainha.

Enéas: Os gregos ocupavam Troia. O perigo era grande. Eu convocava os nossos homens e mulheres com os amigos para o potão da cidade. Por causa do perigo, as coisas sagradas dos deuses levávamos para o portão e dávamos a Anquises. Os meus servos preparavam cereais e água. Eu dava espadas a meus amigos e servos. Anquises invocava os deuses: "Vós amáveis Troia e os troianos. Onde estais? Vedes nossos perigos? Estamos em dificuldade entre muitos perigos. Os deuses amam a nossa pátria?"

De viris illustribus Brasiliensibus - Machado de Assis




Ioachim Maria Machado de Assis anno 1839 (millesimo octingentesimo undequadragesimo) in urbe Flumine Ianuarii humilibus parentibus natus est. Vix ludum, universitatem numquam frequentavit; tamen litterarum studio incensus erat atque ab aliquibus amicis litteras didicit Latinas, Graecas, Francogallicas Anglicasque. Anno 1869 (millesimo octingentesimo undeseptuagesimo) Carolinam Augustam in matrimonium duxit nec vero liberos habuit. Ingenio suo indulgens diurnarius factus est et ad scribendum se contulit; paulo post, propter ornatum orationis, in se omnium animos convertit atque maximam laudem adeptus est. Non solum mythistorias, sed etiam poemata, fabulas scaenicas, narratiunculas scripsit. Ex libris quos conscripsit notissimi sunt ii qui inscribuntur "Memoria Postuma Blasii Cubas" et "Dominus Taciturnus". Praeterea cum aliis scriptoribus Academiam Brasiliensem Litterarum condidit atque omnium suffragiis eius primus praeses creatus est. Anno 1908 (millesimo nongentesimo octavo) ex vita migravit. Maximus scriptor Brasiliensis necnon unus ex principibus litterarum Lusitanicarum habetur. 

Tradução

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no ano de 1839 na cidade do Rio de Janeiro de uma família simples. Quase não frequentou a escola e nunca foi à universidade; no entanto era apaixonado pelo estudo das letras e aprendeu com alguns amigos o latim, o grego, o francês e o inglês. No ano de 1869 casou-se com Carolina Augusta mas não teve filhos. Cedendo ao seu talento natural, tornou-se jornalista e dedicou-se à carreira de escritor; pouco depois, por causa da elegância de seu estilo, atraiu para si a atenção de todos e alcançou grande reconhecimento. Escreveu não só romances, mas também poemas, peças de teatro e contos. Dos livros que escreveu os mais conhecidos são os que têm por título "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro". Ademais, fundou com outros escritores a Academia Brasileira de Letras e foi eleito, por unanimidade, o seu primeiro presidente. Faleceu no ano de 1908. É considerado o maior escritor brasileiro e também um dos príncipes da literatura portuguesa. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Vulpes et persona tragica

(Vulpes personam tragicam videt)

Personam tragicam forte vulpes viderat;
quam postquam huc illuc semel atque iterum verterat,
'O quanta species' inquit 'cerebrum non habet!'
Hoc illis dictum est quibus honorem et gloriam
Fortuna tribuit, sensum communem abstulit. 

(Ex fabulis Phaedri)

Tradução literal interlinear

Personam tragicam forte vulpes viderat;
Pessoa trágica [= máscara] por acaso uma raposa havia visto;

quam postquam huc illuc semel atque iterum verterat,
a qual depois para cá para lá uma vez e novamente havia virado,

'O quanta species' inquit 'cerebrum non habet!'

O quão grande beleza diz cérebro não tem

Hoc illis dictum est quibus honorem et gloriam

Isso para aqueles dito está para os quais a honra e a glória

Fortuna tribuit, sensum communem abstulit.
O destino concedeu, senso comum tirou.

Tradução 

Uma raposa havia visto, por acaso, uma máscara de teatro;
depois de tê-la virado de um lado para o outro repetidas vezes,
diz: "Oh, quanta beleza, mas não tem cérebro!"
Diz-se isso daqueles aos quais o destino concedeu
honra e glória, mas os privou do bom senso.

(Das fábulas de Fedro)



Perseus caput Medusae abscidit (História de Perseu 5)

(Perseus caput Medusae abscidit)

Res erat difficillima abscidere caput Gorgonis: eius enim conspectu homines in saxum vertebantur. Propter hanc causam Minerva speculum ei dederat. Perseus igitur tergum vertit, et in speculum inspiciebat: hoc modo ad locum venit, ubi Medusa dormiebat. Tum falce sua caput eius uno ictu abscidit. Ceterae Gorgones statim e somno excitatae sunt, et, ubi rem viderunt, ira commotae sunt. Arma rapuerunt, et Perseum occidere volebant; ille autem, dum fugit, galeam magicam induit, et, ubi hoc fecit, statim e conspectu earum evasit.

Tradução

Era uma coisa coisa dificílima cortar a cabeça da Górgona: pois pelo olhar dela os homens eram transformados em pedra. Por esse motivo, Minerva lhe dera um espelho. Perseus, assim, virou-se de costas e olhava no espelho: desse modo veio ao local onde Medusa dormia. Então, com sua foice cortou a cabeça dela com um só golpe. As outras Górgonas imediatamente foram acordadas do sono e, quando viram o fato, ficaram exasperadas pela ira. Pegaram as armas e queriam matar Perseu; mas ele, enquanto foge, coloca o capacete mágico e, quando fez isso, imediatamente sumiu do olhar delas.

Os números em latim


Vita Mariae (Pars III)










Mathematica I



Dixit quidam emptor: Volo de denariis C (centum) porcos emere; sic tamen, ut verres X (decem) denariis emantur; scrofa autem V (quinque) denariis; duo vero porcelli denario uno. Dicat, qui intelligit, quot verres, quot scrofae, quotve porcelli esse debeant, ut in neutris numerus nec superabundet, nec minuatur? - ex Alcuino

Solutio 

Fac VIIII (novem) scrofas et unum verrem in quinquaginta quinque denariis; et LXXX (octoginta) porcellos in XL (quadraginta). Ecce porci XC (nonaginta). In residuis V (quinque) denariis, fac porcellos X (decem), et habebis centenarium numerum in utriusque.

Tradução

Disse certo comprador: Quero comprar cem porcos por cem denários; contudo, de modo que sejam comprados varrões por dez denários; mas uma porca por cinco denários; mas dois leitões por um denário. Diga, aquele que compreende, quantos varrões,  quantas porcas e quantos leitões deve haver para que em nenhum dos dois o número nem exceda, nem seja diminuído

[Comentário do tradutor: varrão é um tipo de porco; em nenhum dos dois, ou seja, nem em porcos nem em denário; o número nem exceda, nem seja diminuído, ou seja, ao comprar cem porcos com os cem denários não podem sobrar nem porcos nem denários.]

Solução

Faze nove porcas e um varrão em cinquenta e cinco denários, e oitenta leitões em quarenta. Eis noventa porcos. Nos cinco denários restantes, faze dez leitões e terás o número centenário em ambos.