segunda-feira, 3 de agosto de 2015

De Amicitia


Quanta autem vis amicitiae sit, ex hoc intellegi maxime potest, quod ex infinita societate generis humani, quam conciliavit ipsa natura, ita contracta res est et adducta in angustum ut omnis caritas aut inter duos aut inter paucos iungeretur.
Est enim amicitia nihil aliud nisi omnium divinarum humanarumque rerum cum benevolentia et caritate consensio; qua quidem haud scio an excepta sapientia nihil melius homini sit a dis immortalibus datum. Divitias alii praeponunt, bonam alii valetudinem, alii potentiam, alii honores, multi etiam voluptates. Beluarum hoc quidem extremum, illa autem superiora caduca et incerta, posita non tam in consiliis nostris quam in fortunae temeritate. Qui autem in virtute summum bonum ponunt, praeclare illi quidem, sed haec ipsa virtus amicitiam et gignit et continet nec sine virtute amicitia esse ullo pacto potest. - Cicero, De Amicitia

Tradução

Mas o quão grande é a força da amizade, podemos entendê-lo sobretudo pelo fato de que, da infinita sociedade do gênero humano, a qual conciliou a própria natureza, ela é uma realidade tão restrita e de fronteiras tão estreitas que toda a afeição se encontra reunida entre dois ou entre poucos.
Pois a amizade nada mais é do que a concórdia, com benevolência e afeto, de todas as coisas divinas e humanas; pois seguramente não conheço, excetuando-se a sabedoria, nada melhor que tenha sido dado aos homens pelos deuses imortais. Uns a ela antepõem as riquezas, outros a boa saúde, outros o poder, outros as honras, e outros os prazeres. Estes últimos, certamente, são coisas próprias dos animais selvagens, ao passo que os anteriores são caducos e incertos, fundamentados não tanto em nossas resoluções quanto nos caprichos da sorte. Há também os que fundamentam o sumo bem na virtude, e por certo o fazem muito nobremente, mas é esta mesma virtude que gera e sustenta a amizade; ademais, de modo algum pode haver amizade sem virtude. 

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